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domingo, 31 de outubro de 2010

REVISTA “ARTE REAL” - 30.10.2010




EDITORIAL - Ir.: Francisco Feitosa *

Passadas as eleições e a grande expectativa de se saber quem lograria o sufrágio dos eleitores, tornando-se o nosso dirigente maior, evocamos as bênçãos do GADU no sentido de orientá-lo (a) na condução de seu governo e no destino de nossa nação, pátria do Avatara da Era de Aquarius!
Está em voga comentar que nossa Sacrossanta Instituição anda, há muito, distante das decisões políticas do país. De fato, já há quase um século, desde o “Estado Novo”, que não percebemos a participação direta da Maçonaria no cenário sócio-político brasileiro.

Refugiamo-nos em nossos Templos e passamos a assistir à “Nau Brasil” a navegar à sorte das ondas, por mares revoltos e infestados de tubarões.

Proibiu-se a discussão política e religiosa em nossos Templos. De benfeitores da humanidade, tornamo-nos omissos espectadores dos problemas de nosso povo. Perdemos o poder de interferir como instituição e nos reduzimos a protestos estéreis de alguns Irmãos que, vagamente, lembram-nos a fibra dos ilustres Maçons do passado.

Em verdade, quando da chegada da Maçonaria ao Brasil, por volta das primeiras décadas do século XIX, havia, apenas, dois movimentos: o monarquista e o antimonarquista, encabeçados por Bonifácio e Lêdo, embora ambos tivessem o mesmo ideal: a Independência do Brasil. Hoje, a realidade é bem outra. Temos um pluripartidarismo, com o absurdo de 27 partidos políticos. Bem mais agravante, nossa Ordem, banhada pela vaidade de seus dirigentes, encontra-se fragmentada em uma infinidade, cada vez maior, de “potências”, se é que a palavra, etimologicamente, pode definir assim. Cada “potência”, que nasce, dilacera e mata, um pouco mais, a nossa Ordem, contrariando o dito popular, “a união faz a força”.

Neste pleito, foram eleitos alguns Maçons, reeleitos outros, mas, ainda assim, não temos uma expressiva Bancada Maçônica. Assistimos, com tristeza, a cada eleição, dentro de uma mesma “potência”, a vários candidatos disputando o mesmo cargo, uma demonstração de individualismo, desorganização e descomprometimento com a coletividade.
Se pudéssemos aviar uma receita para essa doença (vaidade), indicaríamos a leitura diária, pela manhã, do livro bíblico Eclesiastes (Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!).

De certo, recolhidos em nossos Templos, pelo menos, da ritualística, estamos cuidando direito! Ledo engano! O que vemos, em muitas Lojas, é uma total profanação, por falta de conhecimento e consciência do que seja uma Escola Iniciática, tornando-as “clubes de serviços”, para atender interesses pessoais de alguns.

Os cargos de Vigilantes, que têm como principal função ministrar as instruções, viraram trampolins para se chegar ao Veneralato. Não mais se aplicam, aos Aprendizes e Companheiros, as instruções, são, apenas, lidas, e, diga-se de passagem, mal-lidas, desrespeitando-se pontuação e prejudicando a compreensão do seu conteúdo. Mal se cobram os Trabalhos para ascender aos Graus. Chegando-se ao Mestrado, diz-se que se atingiu a plenitude dos direitos maçônicos e não mais é preciso estudar ou apresentar Peça de Arquitetura.
Lamentavelmente, tais Mestres serão os guias de novos Aprendizes e Companheiros, cegos guiando cegos à beira de um precipício.
Em se falando de Mestre, mas, agora, de fato e de direito, prestamos nossa singela homenagem ao “Velho Mestre”, nosso querido Raimundo Rodrigues, articulista de nossa Revista, que nos deixou no dia 03 de outubro. O GADU o chamou, deixando-nos saudosos e carentes. Esses expoentes da cultura maçônica têm partido tristes, embora com a certeza do dever cumprido, por terem, muitas vezes, “jogado pérolas aos porcos”. Siga em paz sua vereda, “Velho Mestre”, pois, em vida, fez-se imortal, através de suas belas Obras.

Que este Editorial sirva para refletirmos sobre o que responder quando nos perguntarem: “Que vimos fazer aqui?” Dentro desse escopo, como Matéria de Capa, apresentamos o texto “Resgatando o Saber das Antigas Escolas de Mistérios”, publicado no site da Sociedade Teosófica. Dentro do mesmo objetivo, destacamos a sinopse do trabalho “Os Doze Trabalhos de Hércules e a Evolução da Alma” (o texto completo está disponibilizado em nosso site, para download), de autoria de nosso Irmão Alfredo Roberto Netto, reforçando, com excelência, a importância de melhor entendermos nosso papel como Iniciados Maçons.

Conheçamos a história da Antiga Ordem dos Jardineiros Livres, matéria de autoria do Irmão que assina com o pseudônimo de Deldebbio. Tal Ordem possuía incrível semelhança com a nossa em seus símbolos e paramentos.

Depois de sua chegada ao Brasil, em maio de 2009, no Rio Grande do Sul, será criada, neste mês de novembro, em Mato Grosso do Sul, mais uma Loja da Shriner Internacional, uma Ordem Filantrópica Paramaçônica. Portanto, para o deleite de nossos leitores, a coluna Ordens ParaMaçônicas, traz a matéria “Antiga Ordem Arábica de Nobres do Santuário Místico”, apresentando a Ordem Shriner Internacional.

Certos de que estamos contribuindo, positivamente, através da informação séria e da conscientização de nossos diletos leitores, para que nossa Ordem volte ao patamar de comprometimento de outrora, com o objetivo, de fato, de fazer feliz a humanidade, continuaremos, denodadamente, imbuído de nossa altruística tarefa de levar a cultura maçônica ao seio das Lojas, estimulando o estudo e a pesquisa e valorizando o Quarto de Hora de Estudos.

* Editor da Revista, a qual recomendamos detida leitura, que pode ser feita através do portal: http://www.entreirmaos.net/
E-mail: feitosa@entreirmaos.net

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

ORIGEM DA MAÇONARIA ESPECULATIVA









Os estudiosos e pesquisadores maçônicos dividem a história da Maçonaria em três períodos:

Maçonaria Primitiva;

Maçonaria Operativa; e

Maçonaria Especulativa.

A Maçonaria Primitiva, ou "Pré-Maçonaria", como entende André Chedel, citado por Vanildo Senna em "Fundamentos Jurídicos da Maçonaria Especulativa", abrange todo o conhecimento herdado do passado mais remoto da humanidade até o advento da Maçonaria Operativa e, por sua vez, é dividida em nove fases sucessivas, a saber:

Mistérios Persas e Hindus;

Mistérios Egípcios;

Mistérios Gregos dos Cabires;

Mistérios Gregos de Ceres ou Demeter;

Mistérios Judaicos de Salomão;

Mistérios Gregos de Orfeu;

Mistérios Gregos de Pitágoras;

Mistérios dos Essênios; e

Mistérios Romanos.

A Maçonaria Operativa, que se estende por toda a Idade Média e a Renascença e termina com a fundação da Grande Loja de Londres, compreende a história dos operários medievais, construtores de basílicas, catedrais, igrejas, abadias, mosteiros, conventos, palácios, castelos, torres, casas nobres, mercados e paços municipais. Por vezes protegidos pelos Papas e deles dependentes, os Maçons operativos eram essencialmente católicos.

A fundação da Grande Loja de Londres, determina, portanto, o fim da Maçonaria Operativa e marca o início do terceiro período da história da Maçonaria, a Maçonaria Especulativa ou Maçonaria dos Aceitos ou, ainda, como disse Nicola Aslan, "da Maçonaria em seu aspecto atual de associação civil, filosófica e humanitária".

Sobre a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa, diz-nos Vanildo Senna:
"A esta transformação os ingleses dão a denominação de Revival, que significa renovação, renascimento, datando-a de 1717.
O adjetivo "especulativo" só foi aplicado aos Maçons "Aceitos" em meados do século XVIII.

Esta denominação de "especulativo" era dada, no século XVII, a toda pessoa propensa à contemplação e à meditação.
O "especulativo" era o idealista e não o homem de ação ou profissional. Eram homens cultos, naturalistas, eruditos e historiadores."

Com a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa surge, no ano de 1723, a primeira Constituição Maçônica, elaborada pelo Irmão Reverendo James Anderson para uso da Grande Loja de Londres.

A partir de então a Maçonaria adotava uma forma de organização política que deveria conservar daí por diante.

Atualmente a Maçonaria Especulativa conhece dois sistemas de organização política: o Sistema Obediencial Grande Loja e o Sistema Obediencial Grande Oriente, cada um com suas características próprias que os distinguem um do outro.

O Sistema Obediencial Grande Oriente compreende as Potências ou Obediências Maçônicas Simbólicas constituídas e organizadas à forma de governo do Estado democrático em que "todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido", tendo Poder Executivo, exercido por um Grão Mestre, Poder Legislativo, representado por uma assembléia constituída de representantes das Lojas jurisdicionadas, e o Poder Judiciário, todos "distintos e harmônicos entre si".

O Sistema Obediencial Grande Loja - o mais difundido pelo orbe terrestre - engloba as Potências ou Obediências Maçônicas Simbólicas cujas constituições se moldam na forma de organização política adotada pela maçonaria inglesa; pela Grande Loja Mãe da Inglaterra.

A chefia do governo da fraternidade nas Grandes Lojas é confiado a um Grão-Mestre e os poderes legislativo, administrativo e litúrgico a uma Grande Loja ou Assembléia Geral da Fraternidade constituída pelos Veneráveis e Vigilantes das Lojas a elas jurisdicionadas.

FONTE: http://www.grandeloja-pb.org.br

domingo, 10 de outubro de 2010

LUVAS – UMA CURIOSIDADE

- Por León Zeldis *

O costume de entregar dois pares de luvas ao recém-iniciado, um para si mesmo e o outro para a mulher que mais respeita, tem uma longa tradição histórica.

Possivelmente, sua origem remonta ao século X. Uma crônica relata que, no ano 960, os monges do Monastério de São Albano, em Mogúncia, ofereciam um par de luvas ao bispo, em sua investidura.

Na oração, que se pronunciava na cerimônia da investidura, implorava-se a Deus que vestisse, com pureza, as mãos de seu servente.

Durandus de Mende (1237-1206) interpretava as luvas como símbolo de modéstia, já que as boas obras executadas com humildade devem ser mantidas em segredo. Na investidura dos reis da França, estes recebiam um par de luvas, tal como os bispos. As mãos ungidas e consagradas do rei, assim como as de um bispo, não deviam ter contato com coisas impuras. Depois da cerimônia, o Hospitalário queimava-as, para impedir que pudessem ser utilizadas para usos profanos.

No ano 1322, em Ely (cidade inglesa, onde se levanta uma grande catedral), o Sacristão comprou luvas para os maçons ocupados na "nova obra"; em 1456, no Colégio Eton, destaca-se que cinco pares de luvas foram entregues aos pedreiros que edificavam os muros, "como é obrigação por costume".

Também, há um documento que precisa que, no Colégio Canterbury, em Oxford, o Mordomo anotou, em suas contas, que "deram-se vinte “pence” como “glove Money” (dinheiro de luva) a todos os maçons ocupados na reconstrução do Colégio".

Em 1423, em York (Inglaterra) dez pares de luvas foram subministradas aos pedreiros ("setters"), com um custo total de dezoito “pence”.

Na Inglaterra, nas épocas isabelina e jacobina (1558-1625), as luvas tinham um prestígio difícil de compreender na atualidade.

Tratava-se de um artigo de luxo, possuidor de muito simbolismo, e constituíam um presente apreciado. A luva significava, então, um profundo e recíproco vínculo entre quem a dava e quem a recebia.

Em 1571, Robert Higford enviou um par de luvas à mulher de Lawrence Banister.

Em 1609, J. Beaulieu comunicou a William Trumbull: "Meu senhor deu de presente 50 “xelins” em um par de luvas ao Monsenhor Marchant como retribuição por lhe haver enviado o desenho da escala".

No Ano Novo de 1606, os músicos reais obsequiaram, cada um, um par de luvas perfumadas ao rei Jacob I.

Em 1563, o Conde de Hertford, com quem a rainha estava desgostosa, querendo congraçar-se com ela, escreveu ao Lorde Robert Dudly que desejava uma reconciliação e rogou que presenteasse à Rainha, em seu nome, um pobre par de luvas como objeto.

Luvas eram um presente costumeiro no Ano Novo, às vezes, substituído pelo "dinheiro de luva". Do mesmo modo, as luvas constituíam um obséquio tradicional dos apaixonados às suas prometidas.

Na obra de Shakespeare (filho de um luveiro) “Much Ado about Nothing” (Muito barulho por nada), a personagem feminina Firo declara: "estas luvas, que o conde me envia, são um excelente perfume" (Ato III, cena 4). O palhaço, no “The Winter's Tale” (Conto de Inverno), declara: "se não estivesse apaixonado pela Mopsa, não deverias tomar meu dinheiro, mas, estando encantado como estou, estarei, também, escravizado com certas cintas e luvas” (Ato IV, cena 4). No “Henrique V”, o Rei intercambia luvas com o soldado raso Williams (Ato IV, cena 1).

Entre 1598 e 1688, em muitos documentos escoceses, menciona-se a entrega de luvas aos canteiros e pedreiros. Esses documentos se referem a maçons operativos, mas, também, em relação aos especulativos, existem documentos antiquíssimos.

Desde 1599, existem provas de que, a cada maçom, em sua iniciação, devia entregar-se o um par de luvas - que pagava de seu bolso.

O documento mais antigo nessa matéria é o chamado Estatuto Shaw, dirigido à Loja Maçônica Kilwinning em dezembro de 1599, onde se estipula que os direitos de iniciação na Loja Maçônica somavam 10 libras esterlinas escocesas, com 10 xelins para as luvas.

Documentos da Loja Maçônica de Melrose, dos anos 1674-1675, demonstram que tanto os aprendizes como os companheiros tinham que pagar direitos de ingresso "com luvas suficientes para toda a companhia ...".

Em um documento do Aberdeen, em 1670, expressase que o aprendiz deve pagar "quatro dólares reais por um avental de linho e um par de boas luvas para cada um dos irmãos".

O uso do linho em vez de couro é interessante, mas se explica por tratar-se de uma zona onde existiam numerosas tecelagens de linho.

Em 1686, Robert Plot, no The Natural History of Stafford-Shire (História Natural do Condado de Stafford), relata que era costume entre os Franco-Maçons: "admitidos na Sociedade, convoca-se uma reunião (ou Loja Maçônica, como a chamam em algumas partes), que deve consistir de, pelo menos, 5 ou 6 dos Antigos da Ordem, a quem os candidatos obsequiam com luvas, e, desse mesmo modo, a suas esposas...".

Essa é, aparentemente, a primeira menção do obséquio de um par de luvas à mulher como parte da cerimônia de iniciação. Em 1723, publicou-se o documento chamado “Exame de um Maçom” no periódico londrino “O Correio Volante”, que começa assim: "Quando é recebido um novo Franco-maçom, depois de ter entregue a todos os presentes um par de luvas para homem e um par para mulheres e um avental de couro...".

Posteriormente, isso se transformou em uma tradição em todas as iniciações e aparece em todos os rituais de iniciação franceses do século XVIII, embora caiba assinalar que, na Inglaterra e na Escócia, perdeu-se, paulatinamente, o costume e, desde começos do século XIX, já nem se menciona nas atas e regulamentos de lojas Maçônicas.

Em 1724, menciona-se que, na Loja Maçônica, em Dunblane, entregava-se um par de luvas e um avental a seus iniciados. Em 1754, no Haughfoot (Inglaterra), a Loja Maçônica estabeleceu: "ninguém pode entrar na Loja Maçônica sem um par de luvas para cada membro”.

Na primeira "revelação" francesa conhecida, que data de 1737, chamada Carta de Herault, destaca-se que o Aprendiz recebe, na cerimônia de iniciação, um avental de couro branco, um par de luvas para si mesmo e um par de luvas para a mulher que mais estima.

A tradição se mantém viva, especialmente, nas Lojas Maçônicas que trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceito, embora outras, também, pratiquem o mesmo costume.

É interessante mencionar que, nos Graus Superiores do Rito Escocês, usam-se luvas de diversas cores, especialmente negra e verde, além da branca, apropriadas ao Simbolismo do Grau.

*O Autor foi o Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Rito Escocês do Estado de Israel, no período de 1996/98.


FONTE: Revista Arte Real - http://www.entreirmaos.net/
- Recomendamos o acesso a essa leitura, por se tratar de um trabalho sério e de grande valor para pesquisas maçônicas.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

CADEIA DE UNIÃO - COLABORAÇÃO DE UM APRENDIZ

À GLÓRIA DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO
GRANDE LOJA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
- AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA SETE DE SETEMBRO, Nº22

Natal 05 de outubro de 2010 da era vulgar.

Centro de Estudos e Pesquisas Maçônicas – CEPEMA

Tema: Cadeia de União: Texto retirado do livro “A Simbólica Maçônica” (*)

A “cadeia de união” é uma tradição que se encontra ao mesmo tempo nas Associações de Operários e na Maçonaria. Ela consiste em formar uma cadeia, dando-se mutuamente as mãos, depois de cruzados os braços.

O novel iniciado é convidado, desde sua admissão, a formar um elo dessa cadeia. Na maioria das vezes, forma-se a cadeia de união no final dos trabalhos.

Dizer que essa cadeia simboliza, escreve Plantageneta, a universalidade da Ordem e lembra a cada um que “todos os maçons, seja qual for a sua pátria, formam uma única família de irmãos espalhados pela superfície da terra” é, imagino, supérfluo.


A cadeia de união também aproxima afetivamente todos os corações, ao mesmo tempo em que reanima nas consciências o sentimento de solidariedade que nos une e a interdependência que nos liga.


Podemos fazer essa experiência, e não há dúvida de que quem participa conscientemente, e sem reticências, da cadeia ritual, sente - na falta de uma transmissão correta do vizinho – os efeitos sugestivos e reconfortantes.


Foi, portanto, intencionalmente que essa cerimônia foi introduzida no ritual. Ela parece preparar de um modo feliz um ambiente propício para fazer do encerramento dos trabalhos algo mais do que uma simples formalidade.

Algumas oficinas, desprezando o valor do ritual e “mágico” da Cadeia de união, só se formam duas vezes por ano, para a comunicação das palavras semestrais.

Marius Lepage expôs excelentemente os princípios essências que fazem da cadeia de união algo mais do que um simples gesto sem importância.


Ele escreve:
“Os ritos entre outras funções essenciais, unem o visível ao invisível. Eles constituem um elo fluídico que une o corpo maçônico, constituído pelo espírito maçônico que se desprende das lojas materiais. Não deve, portanto, constituir causa de admiração ver esse espírito retirar-se pouco a pouco das lojas onde ninguém o possui mais. E a mais surpreendente das descobertas é encontrar ainda, no caos de pretensos rituais de hoje em uso, uma fagulha de fé.


“As mãos continuam entrelaçadas, mas o espírito não se comove mais com o valor e as repercussões do ato realizado.

No entanto, de todos os ritos, a cadeia de união, é, talvez, o mais importante do ponto de vista oculto quanto do ponto de vista simbólico.


E todo Venerável que se preocupa com a prosperidade material e moral de sua Loja não deveria deixar de repetir essa verdadeira “invocação” a cada assembléia.”

“O princípio da cadeia de união deve ser provavelmente procurado na teoria do ponto ou sinal de apoio”. Toda vontade que quer se manifestar, tem necessidade de um intermediário, que seja, ao mesmo tempo, uma sólida base de partida.”

O segredo da Cadeia Mágica, escreve Stanislas de Guaita, resume-se num aforismo cujos termos são os seguintes: Criar um ponto fixo onde se possa tomar apoio; estabelecer aí um cadeia psicodinâmica; e, desse ponto, escolhido como centro, fazer brilhar através do mundo a luz astral, fortalecida por uma vontade nitidamente definida e formulada.


Ao mesmo tempo criadora e receptiva, a cadeia de união representa junto ao maçom o duplo papel de escudo protetor e de aparelho receptor de influências benéficas.

Toda coletividade, toda associação tem o seu correspondente nos mundos invisíveis. O espírito de um grupo é um ser vivo mais poderoso, salvo raras exceções, que cada uma das pessoas que o compõe.


Além do mais, o Egrégoro (ou Egrégora), para designá-lo pelo nome que lhe é atribuído comumente, tende a diminuir sua autoridade e aumentar seu domínio à expensa do Egrégoro vizinho.


Aí o indivíduo isolado, orgulhoso de sua vontade oscilante, quer entrar em luta contra a formidável força do Egrégóro. Ele logo será varrido, submergido... E o menos que lhe poderá acontecer é ver desabar sobre ele os males materiais mais variados, sem que ele consiga se defender.

Quantas cadeias de ódio são assim tramadas no invisível contra os Maçons por seus adversários ignorantes ou de má fé!

Para resistir a esses ataques, também temos que formar nossa cadeia, tomando sempre o cuidado de não responder ao ódio com ódio, porque os dois Egrégoros celebrariam uma forte ameaça para nosso maior dano.


Algumas questões de ordem ritual podem ser colocadas quanto à formação da cadeia de união.

Por que cruzar os braços sobre o peito, e não darem-se as mãos, simplesmente, como crianças brincando de roda?


Nosso modo de proceder, aproximando os corpos e comprimindo o peito, parece facilitar a concentração da vontade necessária à elaboração de uma cadeia eficaz.

Um irmão partidário das lojas mistas queria que, ao formar nossa Cadeia, se alternassem as malhas, masculinas e femininas.

Isso é o mesmo que dizer que toda Cadeia formada por indivíduos do mesmo sexo seria menos eficaz do que as Cadeias eventualmente bissexuadas.


A prática nos revela que não é nada disso, e a teoria confirma a prática. Com efeito, trata-se no caso de uma ação de inteligência e de vontade, e não de sexos.

Para atingir o máximo, escreve ainda Stanislas Guaïta, é preciso agrupar certo número de elementos negativos – inteligências mais intuitivas e reflexivas do que expansivas e espontâneas – sob a predominância de um elemento absolutamente positivo, isto é, sob o influxo de um homem rico de qualidade de organização, acrescidas de uma vontade enérgica e dominadora.


É então que, perfeitamente disposta, a bateria psicofluídica fornece seu máximo de rendimento. Pois os pensamentos, mesmo os mais rudimentares, as reminiscências, fossem elas as mais vagas, que povoavam nebulosamente os cérebros negativos, se desenvolvem e se tornam claros – que é o que se quer – sob a reação do espírito positivo.


É aqui que se manifesta em toda a sua força, diz Marius Lepage, o papel unificador do Venerável, daquele que dirige Oficina, da qual é a emanação e a síntese.


Entre ele e os irmãos, estabelece-se uma dupla corrente, e suas forças são duplicadas para, depois, serem usadas da melhor forma, segundo os interesses espirituais da Ordem em geral e dos membros da Loja em particular.

Contudo, parece possível afirmar que nenhuma Loja, hoje, pode formar uma cadeia de união eficiente.


Todavia, nunca insistiríamos bastante com os Veneráveis para que restabeleçam, onde puderem, o rito tradicional da Cadeia de União no fim de cada assembleia.


Quando, com as mãos juntas, o Venerável, antes de encerrar os trabalhos, evoca a união de todos os Maçons, quando ele invoca sobre todos os irmãos à descida do verdadeiro espírito maçônico, parece que um sopro mais puro perpassa pela atmosfera da Loja.

Esse é o motivo pelo qual seria de desejar e seria necessário que cada Oficina terminasse seus trabalhos por uma Cadeia de União, concentrando-se sobre uma única ideia relacionada com o ideal Maçônico.

Bibliografia: SIMBÓLICA MAÇONICA: OU A ARTE REAL REEDITADA - Por JULES BOUCHER (editora Pensamento) disponível em:
http://books.google.com.br/books?id=su0- 1HAZLDoC&pg=PA355&dq=A+cadeia+de+uni%C3%A3o&hl=pt-BR&ei=cCKqTISsCsP88Aait_iRDQ&sa=X&oi=book_result&ct=book- thumbnail&resnum=1&ved=0CC8Q6wEwAA#v=onepage&q=A%20cadeia%20de%20uni%C3%A3o&f=false

(*) - Título Original: La Simbolique maçonnique, Paris 1948/1979;

Um forte e fraternal abraço a todos!
Contribuição do Ir. Ap .’. M .’. Samir Lemos

domingo, 3 de outubro de 2010

CEPEMA NA 3ª FEIRA, 05.10

O Centro de Estudos e Pesquisas Maçônicas - CEPEMA - voltará a se reunir na próxima 3ª feira, a partir das 19h30min, na Secretaria da Loja.

O tema a ser estudado será "CADEIA DE UNIÃO", assunto muito importante e sobre o qual muitos Irmãos, certamente, desconhecem ou esqueceram alguns detalhes. Vamos revivê-los então.
O conhecimento humano em geral, e maçônico em particular, é um privilégio de todos nós; acreditamos que devemos, permanentemente, buscá-lo, pois a nossa Ordem a isso nos incentiva.